quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

Olívia reluziu. Não como ouro, ou uma pedra preciosa, mas brilhou por alguns instantes. Se esqueceu dos planos futuros, das pessoas do presente e dos erros do passado. Olívia renasce das cinzas, bate o pó dos ombros e sabe que não precisa de ninguém para te ajudar a levantar dali. Veste seu vestido verde esmeralda, calça seus sapatos preferidos, desce os degraus e diz adeus a tudo o que um dia a aborreceu.

domingo, 24 de outubro de 2010

Olívia quase não olha pra trás. Não porque não gosta do passado, mas porque tem muita coisa a planejar para o futuro.

Ontem mesmo, lhe bateu a vontade de ser mãe, que ela pensou que chegaria mais tarde. Como seu orçamento mal dá para os sapatos, precisa se organizar e trabalhar mais.

Ainda não sabe se será boa mãe. Só sabe que precisa aprender a fazer um par de sapatinhos vermelhos de crochê.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Segunda-feira. Frio. Chuva. Primeiro dia útil no horário novo de verão. Trabalho acumulado. Enxaqueca. Meu aniversário. Tô até vendo minha ressaca amanhã.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Gelo doce

Raspa, raspa, raspa o gelo
Põe no copinho
-"Quais os sabores?"
-"Tem morango, uva
Tem leite condensado
e granulado."
Puxa um papo, debaixo de chuva
Não se queixa das dores
ou dos dissabores.
Anda pelas ruas,
conhece a todos.
Cumprimentas as velhinhas,
da tchau às crianças.
O velho da raspadinha
ficará sempre na lembrança.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Carta de Querubim - nº 01

Ayel,

Desde que recebi sua primeira carta, queria te responder à altura. Foram muitos papéis amassados até eu me lembrar o quanto você admirava minha espontaneidade. Resolvi escrever sem rascunhos, por isso já me desculpo antecipadamente pelas possíveis rasuras e por só estar respondendo depois de sua 3ª carta.

Antes de qualquer coisa, quero que saiba que estou bem. Depois de algum custo, consegui ver que era possível viver bem mesmo depois de tudo o que aconteceu. Aprendi, mas trouxe alguns vícios comigo, como forma de te manter por perto.

Você me perguntou se ainda sinto alguma mágoa. Confesso que hoje em dia quase não sinto, mas me pego imaginando como poderíamos ter sido relativamente felizes se as coisas tivessem tomado outro rumo. Fico saudoso pelas coisas que nem chegaram a acontecer e me apego nas poucas coisas que aconteceram.

Mas senti muita raiva, no início. Por isso te evitei de todas as formas. Me doía o estômago e corroia as entranhas. Falei mal de você para todos que conhecia, e até para quem não conhecia, algumas vezes, quando embriagado. Mas te garanto que passou.

Preciso te confessar que te ver praticamente rastejando para falar comigo, me trouxe um certo prazer no início. Agora eu sei que foi muita bobagem da minha cabeça. Você talvez não saiba, mas a rejeição nos transforma em outra pessoa.

Para te confortar, quero te dizer que estou muito bem, conheci uma gartota e estamos namorando. Ela me lembra você em alguns aspectos, mas espero que ela seja melhor que você (risos). No mais, aprendi a não ir tão rápido com meus sentimentos.

E você, como está? Mantenha-me informado sobre a nova vida. Estou me deliciando com suas palavras e suas aventuras.

Um grande beijo.

Querú.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Cartas para Querubim - nº 07

Boa noite,

Estava lendo o rascunho que fiz para a última carta que lhe enviei, enquanto tentava entender um pouco a ignorância das pessoas diante de alguma gentileza. Aqui tem acontecido com alguma frequência, mas algumas se sobressaem. Queria compartilhar com você, mas estou com preguiça de escrever todos os fatos.

Resumindo, tive de explicar pra uma pessoa a importância que dou para as amizades e que não espero nada em troca do que ofereço a elas. Cheguei a irritar-me quando a pessoa me falou que eu deveria procurar saber quem são meus amigos, de fato, antes de gritar aos ventos chamando-os de tal. Senti uma revolta dentro de mim, Querú. Agora me dizem o que fazer, como fazer e com quem, sem que eu tenha pedido opiniões.

Um trecho de minha resposta:

"Na realidade, chamo de amigo as pessoas que eu gosto. Nem sempre eu vou obter o mesmo sentimento de volta. Paciência. Nem me importo tanto com isso assim.

Minha dedicação é a mesma para todos que considero meus amigos. Parece pouco, mas é muito mais do que se costuma ver por aí. Como eu disse, paciência. Nem tudo é como a gente quer."

Confesso que ainda me decepciono com as pessoas, mesmo depois de tudo o que já vi por esse mundo. Mas agora, enquanto te escrevo, todo o embrulho do estômago já passou. O jeito é caminhar até a sacada e fumar o último Bali-Hai e desmaiar até o despertador me lembrar que preciso viver.

E você, como está? (Pergunto rindo por saber que não terei resposta, mas, como eu disse, paciência.

Até.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Cartas para Querubim nº 06

Meu querido,

Desde que me mudei pra cicade grande, Querú, tento colocar em prática aquilo que conversamos sobre simplificar as coisas. Confesso que falhei algumas vezes, mas você se orgulharia em ver que todos se espantam com a minha calmaria diante do caos. Mas, como eu disse, as vezes fracasso. Ainda escondo a cabeça embaixo do edredon e choro quando quero fugir daqui. Mas á raro.

Lá no meu trabalho as pessoas comentam sobre as desgraças da tv e isso tem me mantido um pouco fora do meio. Tenho medo de ficar neurótica. Acho que já é um começo de uma neurose. Deixa pra lá.

Ontem me dei o prazer de contemplar o céu lá do 16º andar. Olhando estrelas, sentindo o vento frio cortar nas bochechas. Não sei se soa meio suicida, mas me deu uma vontade de pular de lá e sair voando, como geralmente acontece num dos meus sonhos prediletos. Enfim, chega de sonhos.

Voltando a questão da simplicidade, resolvi que continuarei te escrevendo independente se vai me responder ou não. Já virou um hábito tão bom quanto o cigarro com conhaque na sexta-feira a noite. Pouco importa o fato de me responder ou até de ler minhas palavras enfadonhas. Acho que eu mesma, não leria.

Mas, não custa perguntar: Como você está? Talvez você não saiba, mas talvez eu parasse de te escrever tanto se você me mandasse notícias. Que fosse até para me pedir que pare. Aguardo sem esperanças mesmo.

Um beijo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cartas para Querubim - nº 03

Querubim,

Já é a terceira carta que te mando e ainda não obtive respostas das anteriores. Não sei se o endereço está errado ou se você está me ignorando. Independente de qual seja a resposta, eu entendo por completo.

Já tem mais de um ano que não o vejo e sempre gosto de colocar a culpa no pouco tempo que tenho, mas fato é que sou preguiçosa para sair de casa. Aqueles cafés que combinamos e nunca tomamos são por conta dessa preguiça quase depressiva que vem me acometendo nesses últimos tempos. Mas talvez você tenha pensado outra coisa, que talvez eu não desse muita importância. Acredite, não o é.

Estava me recordando de alguns flashs de nossas conversas (ou melhor, das palavras que você tentava tirar do fundo do meu estômago) e lembrei-me do dia em que falávamos sobre o que gostaríamos de ser. Ri um pouco por dentro quando disse que queria ser uma estrela do rock. Não me lembro se fui muito clara, mas no fundo, o que eu queria fazer é viver sem preocupações com relacionamentos, contas, modo de vestir ou de me entorpecer. Tentar me encaixar na sociedade me dá azias e enxaquecas. Talvez eu pudesse ser hippie também, mas não tenho paciência para artesanatos.

Tem dias, Querubim, que não quero levantar da cama, mas a rotina me arrasta para a ducha e só tomo consciência quando estou no escritório. Tento me convencer de que ao menos o sálario está me mantendo relativamente bem.

Outro dia avistei um de seus amigos. como não lembrava-me do nome dele, resolvi fazer de conta que não o vi. Ele, decerto, fez o mesmo.

Escrevi demais. O que realmente importa ainda não perguntei. Como você está? Por onde andas? O que está fazendo?

Um grande abraço.

domingo, 18 de julho de 2010

Cartas para Querubim - nº 08

Começo essa carta ainda sem saber o que dizer para quebrar o gelo inicial que há entre minha vontade de te achar e sua vontade de se esconder.

Que seja pelo começo, então. Há dias sonho com você. Até o segundo dia, ignorei o fato, mas estes sonhos tem ficado insistentes demais. Não acredito naquelas baboseiras de que talvez a pessoa esteja precisando de alguma coisa, mas, de qualquer forma, achei melhor não arriscar.

Confesso que sinto-me um pouco tola, só um pouco mesmo, em estar escrevendo mais uma vez para você, mesmo sabendo que talvez este endereço esteja errado ou que você irá ignorar, novamente, minhas palavras sem importância. Mas, se tem alguma coisa que aprendi com você, é que não podemos deixar nada pendente e que devemos falar tudo que nos dá vontade. E que eu sempre poderia contar com você e não precisava ter medo de ser sincera.

Realmente não entendo porque você não me responde. Já tem tanto tempo que te magoei, já te pedi mil desculpas. Inclusive, numa destas vezes, você me desculpou. E ainda me disse que se divertiu ao me ver tão desesperada para falar com você. Achei que depois disso ficaríamos bem, que seríamos melhores amigos até o fim de nossas vidas. Mas você continua me castigando, me privando das suas teorias e verdades que fizeram de mim, outra pessoa. Vejo tão pouco daquela pessoa em mim que, as vezes, chego a pensar que ela nunca existiu. Chego a temer ao pensar que, talvez, você nunca tenha, de fato, existido. Que apenas passou por mim para me ajudar.

Estou me demorando demais, como já é de costume. Enfim, queria saber se você está bem, Querubim. Todo o resto não é importante.

domingo, 4 de julho de 2010

Vem despir minhas roupas, minhas inseguranças e medos. Me diz o que você gosta que te faço com carinho, te marco com beijos e unhas vermelhas. Te aconchego nos meus braços e pernas, te entrego meus segredos e sussurro teu nome baixinho em seu ouvido, pra você saber que te desejo mais do que aquele par de sapatos, que aquela bolsa vintage. Deita ao meu lado e me olha como se não houvessem roupas jogadas no chão, penas de ganso espalhadas pelo ar, teias de aranha no teto. Diz que me ama, me quer e que nunca vai me deixar, nem por outras mulheres, nem pelo seu trabalho. Esquece tudo, só deita comigo e me nina porque estou com enxaqueca.

100

100 posts. Pra mim é inédito. Nunca consegui ficar tanto tempo com um blog. Mentira, já fiquei mais tempo com os falecidos blogs, mas fato é que nunca tive 100 posts num mesmo blog. Espero que pelo menos um post tenha servido de alguma coisa. Pelo sim ou pelo não, continuarei tentando.

Poesia de rodapé

Vou sem voltar
Voo sem planar
Vem comigo
Que eu contigo
Sou mais eu
E você
é mais meu.

domingo, 6 de junho de 2010

Só para constar...

Consegui um emprego. Estou gostando.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Feltrando

Procurar emprego não é fácil. Isso acabou me mantendo ainda mais longe aqui do blog. Não escrevo mais, mas, em compensação, fiz mais alguns bichinhos de feltro e consegui organizar uma parte deles aqui no meu álbum do Picasa.

As imagens não estão excelentes porque ainda não sobrou aquele tempo de fotografar ou tratar as imagens, mas já dá pra ter uma idéia.

Espero que gostem.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Rotina

Corta, costura,
cola e espera secar.
Põe um enfeite,
um tic tac.
Olho o relógio,
e já é tarde.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Amarelinha

Céu
__10_
_8_9_
__7__
_5_6_
__4__
_2_3_
__1__
Inferno

domingo, 2 de maio de 2010

Sentimentos caóticos embrulhando o fígado, corroendo entranhas e entorpecendo a carne. O punho se fecha involuntariamente, o corpo todo se contrai e tudo se apaga. Do cerne, uma sensação quase orgástica transborda pela garganta. Sei que meus olhos estão abertos, mas só aos poucos volto a enxergar. No chão, inerte, seu corpo se esvai junto com o sangue que aumenta no tapete da sala. Foda-se. Acendo um cigarro e vou embora.

sábado, 1 de maio de 2010

Quase não sinto as extremidades do corpo. Os músculos descontraem e as mãos trêmulas abrem a porta. Caio na cama e permaneço imóvel, pensando em todos os momentos de alegria que consegui viver até ali.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dor. Pain. Douleur. Dolor. Schmerz.
Uma palavra que dá nome a um sentimento impossível de caber nela própria.
Impossível de dar um significado.
Impossível de ver beleza.
Nu. Cru. Seco. Frio. Escuro. Solidão.

Poesia de rodapé

Achei nos meus arquivos e resolvi postar.


Queria pular no poço,
mas não posso.
Só te peço
que ela possa
pular na poça
e fazer a peça
sem que impeças.
E não tropeça
neste espesso
e longo espaço.
Ignore o impasse
e siga o compasso.

Queima o estômago. Acabo de chegar e toda água que bebi para acalmar essa ardência, não valeu de nada. Com a visão distorcida, fico cego de ódio. Odeio esse lugar, as pessoas, os assuntos que eles regurgitam orgulhosos, suas manias forçadas, o cheiro, a luz e a música alta. Tudo está fora do lugar, inclusive eu. Preso no inferno. Deus parece calhar nessa situação, então, rezo incontrolavelmente para que todos explodam. Noite sem fim. Ressaca de colera.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quando o último fecha a porta, choro inconsolada. Não há nada além de tristeza pura, que dói na alma, no corpo e nos pensamentos. Com o lençol sobre o rosto, conto as estrelas estampadas e penso no quanto eu gostaria de estar longe daqui, desse mundo.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Não é todo dia que a gente pode ouvir um escritor (de poesias e outras coisitas) que a gente gosta, falar de onde surgiu uma de suas obras. Como tive o prazer de ouvir o Caio contando sobre esta, resolvi postar aqui para vocês se deleitarem.

mudança de pele

sonho que sou uma cobra
dentro de outra cobra que
se devora

que se adapta em cada
lugar que passa
deixando pra trás somente
a carcaça do que fica

dançando, rindo, falando coisas
aos amigos
desperto alumbrado
pensando nisso

que ser cobra é o que
realmente importa

acordar para o futuro
com o sonho de agora



caio carmacho



Quer mais? Visite o blog dele.

É noite e todas as luzes estão apagadas. No meu travesseiro, ela sonha e se revira e murmura alguma coisa que não entendo. Acaricio-lhe as têmporas e, lentamente, ela se acalma. Enquanto eu, insone, imagino como será o dia amanhã, e depois e depois. E como estarei trajada para ocasiões insignificantes. Penso tudo porque acabou os cigarros, a água leve e a liberdade de transitar de um lado para o outro, enquanto olho no espelho e treino expressões, maquiagens, penteados. Meus cabelos estão naquele comprimento onde não há nada para fazer, além de prendê-los. Queria tranças ou queria tão curtos que mal pudessem se conter num rabo-de-cavalo. Essas coisas bobas que só a madrugada nos dá ao luxo de pensar e que escorre entre os dedos das mãos e dos pés. Lembro da tia Carminha falando de números que não dão certo e só agora percebi quanta sabedoria havia ali. E no popular, de que é demasiado. E no meu avô, que nunca se estende quando visita para deixar o gostinho de "quero mais". E que se não há nada importante para dizer, então não diga nada. Acabo por aqui.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Essa vida que vem e leva embora as nossas crenças mais absolutas, medos e coragens. Leva violentando nossos segredos mais íntimos e indiscretos sem pedir desculpas, sem lamentar o vazio que deixa no peito, o buraco que deixa na alma. Rouba nossa inocência, a adrenalina de pecar na adolescência, de mentir pros amantes passageiros. Nos faz desdizer e nos envergonha em frente aos amigos, inimigos e desconhecidos. Essa vida que embaraça o estômago, revira o âmago, bagunça pensamentos, perturba nosso sono, nossa rotina e nos força a mudar. Força a mudar e sentir a dor da perda de tudo que, até ontem, nos fazia crer ser parte da nossa personalidade. Faz o passado parecer ridículo, o presente ser apavorante e o futuro, incerto. Certo apenas de que tudo muda constantemente. Quero coisas que nunca quis antes.



Michelle Chieregatti

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Vinho tinto respingado na mesa de jantar. Pratos sujos, taças caídas e velas acesas. Depois de conversas, flertes, negação, carícias, carinhos e beijos no pé do ouvido, mordidas na nuca, cabelos bagunçados, calor, curvas lambidas, roupas deixadas de lado, brincadeiras, corpos entrelaçados, êxtase e olhos nos olhos. Não há café, nem manhã, nem chamas acesas.

Tento, todos os dias, desorientadamente, entender o que amedronta tanto. Se é esperar, ou não saber, ou saber e não gostar de saber ou fantasiar e acordar na realidade fria e sem graça. E chuvosa, porque tem chovido demais e esse é o assunto que as pessoas mais conversam ultimamente. Tiro as roupas do varal? Tiro as do meu corpo? Vou andar de bicicleta? A pé? Levo meus cães pra passear? Ou meus gatos? E os peixes? Fico em casa mais um muito? Porque pouco é essencialmente perfeito e qualquer coisa além, é completamente desnecessário. Toda aquela propaganda enganosa e exagerada que cada um faz de si. Porque sou legal, divertida, inteligente, bonita, boa nisso, boa naquilo. Quem tem saco pra ouvir isso? Ignoro.

Chove, de novo. Como se toda a chuva que caiu nessas 3 últimas semanas não fosse o sufciente pra deus. A casa cheira a mofo, assim como as roupas, os objetos mais queridos, os cães, a comida, o corpo, a alma. Tudo, definitivamente, fede tristeza e não há pra onde correr.