segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cartas para Querubim - nº 03

Querubim,

Já é a terceira carta que te mando e ainda não obtive respostas das anteriores. Não sei se o endereço está errado ou se você está me ignorando. Independente de qual seja a resposta, eu entendo por completo.

Já tem mais de um ano que não o vejo e sempre gosto de colocar a culpa no pouco tempo que tenho, mas fato é que sou preguiçosa para sair de casa. Aqueles cafés que combinamos e nunca tomamos são por conta dessa preguiça quase depressiva que vem me acometendo nesses últimos tempos. Mas talvez você tenha pensado outra coisa, que talvez eu não desse muita importância. Acredite, não o é.

Estava me recordando de alguns flashs de nossas conversas (ou melhor, das palavras que você tentava tirar do fundo do meu estômago) e lembrei-me do dia em que falávamos sobre o que gostaríamos de ser. Ri um pouco por dentro quando disse que queria ser uma estrela do rock. Não me lembro se fui muito clara, mas no fundo, o que eu queria fazer é viver sem preocupações com relacionamentos, contas, modo de vestir ou de me entorpecer. Tentar me encaixar na sociedade me dá azias e enxaquecas. Talvez eu pudesse ser hippie também, mas não tenho paciência para artesanatos.

Tem dias, Querubim, que não quero levantar da cama, mas a rotina me arrasta para a ducha e só tomo consciência quando estou no escritório. Tento me convencer de que ao menos o sálario está me mantendo relativamente bem.

Outro dia avistei um de seus amigos. como não lembrava-me do nome dele, resolvi fazer de conta que não o vi. Ele, decerto, fez o mesmo.

Escrevi demais. O que realmente importa ainda não perguntei. Como você está? Por onde andas? O que está fazendo?

Um grande abraço.

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