segunda-feira, 23 de junho de 2008

Olívia não brilha - Capítulo I

Parte I

Olívia não sabe expressar o que sente. Ela se senta na cadeira de balanço de madeira e passa horas tomando chá e pensando na vida. Estava cansada de muitas coisas, mas estava mais cansada de guardar pra si o que sentia. Estava cansada de morar sozinha, de fazer o almoço em quantidade para uma pessoa, de ler o jornal tomando o chá sem açúcar. Faltava açúcar. Não só no chá, mas na vida.

Decidiu vestir-se e ir até o mercado comprar torradas, conhaque, cigarros e dignidade, mas esta última não achou nas prateleiras. Na fila do caixa, alguém lhe oferece um cesta para que ela pudesse acomodar suas compras. Antes que ela respondesse que não precisava, ele se apresentou estendendo-lhe a mão: “Sou Otávio, seu vizinho”.

Olívia sempre gostou desse nome, Otávio. Não sabia ela se era porque começava com a letra “o”, se era por ter três sílabas ou se era pelo simples fato de combinar com seu próprio nome. No mais, ela já tinha escolhido o nome Otávio para ser o nome de um dos seus filhos desde que era criança. Agora nem pensava nisso mais, já tinha até esquecido que era uma mulher fértil, na flor da idade. Olívia se sentia vazia por dentro. Por fora, o sobretudo bege por cima do vestido de cetim verde-musgo e sapatos de salto alto a fazia parecer estar em qualquer outro lugar, menos ali.

Um comentário:

G.G. disse...

...perdida em alguma idade?