terça-feira, 3 de junho de 2008

Alucinações

E pode-se ver as cores das luzes na fumaça do ambiente. Vê-se as pessoas coloridas cada vez mais agitadas, contrastando com as paredes escuras.


Nunca soube se isso é pra mim, mas sempre sinto uma certa euforia em ouvir essas batidas mais altas do que meus ouvidos suportam, ritmando meu coração. Mas isso é segredo, não conto pra nenhum dos meus amigos. Mesmo porque eles nunca entenderiam, eles nunca vieram aqui.


Sempre fui desajeitada para dançar em público, mas aqui você faz a sua coreografia e está pouco se fodendo para o que as pessoas vão pensar. Aliás, aqui as pessoas não pensam. Não porque não são capazes, pelo contrário. Aqui as pessoas se libertam da rotina maldita e de todas as responsabilidades que enfrentam durante a semana. Acordam às 6 da manhã, vão para o trabalho, agüentam o meu-humor do chefe, almoçam em algum lugar nojento, saem às 6 da tarde, correm pra faculdade onde eles mal conseguem prestar atenção no que os professores dizem e só voltam pra casa depois das onze da noite. Aqui elas são e fazem o que querem.


E lá está ele de novo. No mesmo lugar que estava da última vez. Às vezes me pergunto o que ele tem que me deixa tão desconfortável. Até a pouco estava bebendo vodca com energético para ter energia suficiente para me acabar na pista. Agora estou sentada na cadeira do bar, bebendo água com gás, na falta de um café, para tentar voltar ao mundo real. Tudo isso porque eu sei que ele virá falar comigo e preciso pensar num jeito de mantê-lo interessado no que estou falando. Porque faço tanta questão? Boa pergunta.


O interessante é que pertencemos ao mesmo mundo. Nos conhecemos há séculos e quase nunca nos falamos. Eu quase posso dizer que somos a mesma pessoa. Somos tão parecidos que freqüentamos, escondidos dos nossos amigos, lugares como esse. Mas ele sempre me faz lembrar que gosto de Bad Religion, não importa onde estejamos. Somos tão parecidos que fico incomodada com o fato de me sentir desconfortável comigo mesma. Talvez seja esse o motivo de tamanho desconforto.



Texto do falecido mimmylove.blogspot, do dia 13 de janeiro de 2008.

Nenhum comentário: