sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Pensamentos Aleatórios




Não sou de falar muito, não. Sempre acho que as pessoas que tem pouco a dizer ficam tagarelando sobre o imenso vazio de suas vidas e tornando em grandes, pequenos fatos. Ainda por cima, falam sem ao menos saber se alguém quer ouvir.

Num dia desses, no caminho pro trabalho, no ônibus, fiquei uma hora e quarenta minutos ouvindo uma mulher queixar-se de seu marido. “Porque fulano não faz nada em casa e ainda reclama das coisas que faço...”, “Outro dia, você acredita que ele teve a coragem de dizer que estava cansado da vida que estava levando? Como se eu estivesse muito sastisfeita (sic) em estar ali, naquela vida miserável que ele me dá...”, “Porque homem que é homem não deixa a mulher em casa e sai beber com os amigos do trabalho...”.

Se eu estivesse num dia comum, essas baboseira toda teria me irritado. O problema é que eu acordei com o pé esquerdo e tudo tomara uma proporção muito maior com aquele calor de quase 40° em um ônibus lotado. Cheguei a pedir a Deus que me desse a paciência que os bons tem. Mas, nada. E nem O culpo. Não faço nada além de pedir milagres nesses dois últimos anos. Mas eu já estava no meu limite. Ficava olhando pela janela na esperança de estar próxima ao meu ponto. Nada também.

Antes que eu começasse a arrancar os cabelos da cabeça, a amiga que estava com ela a aconselhava, em vão, a tomar alguma atitude. Começou a listar as coisas “maravilhosas” que o marido fazia para agradá-la, como mandar flores e chocolates no trabalho, preparar uma janta especial e levá-la a lugares diferentes sempre que a via meio cabisbaixa.

Sem entender nada, a história da primeira mulher começou a mudar. De repente. O marido não era tão vilão, nem ela tão mocinha. O último flash de memória que tenho, ela estava falando de posições sexuais que eles vinham experimentando. Acho que foi demais para minha cabeça. Quando percebi, eu estava descendo do ônibus 3 pontos antes do planejado. Queria me jogar ali daquela ponte quando me dei conta que aquela voz se foi com o ônibus lotado.

Comecei a caminhar e lamentar pelos que ficaram.

Um comentário:

G.G. disse...

Gostei muito da sua crônica sobre um dia normal de lotação...

=]