terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Das definições

Olhando de tão alto, mal se pode definir o que é céu e o que é mar. É tudo de um azul tão bonito que pouco importa. Anil, turquesa, royal, marinho. Mania que a gente tem de querer definir as coisas. Um pontinho preto, lá em baixo. Uma embarcação. Parece imóvel, pequeno diante da imensidão azul. Só se percebe o movimento pela fumaça saindo e formando um caminho no ar. Penso em ti, mas evito, desvio o pensamento para o livro. Leio um parágrafo "Fumar me dá um alívio divino, antes expelir fumaça do que dizer rezas de babas hóstias"*. Lembro de ti. Fecho o livro. Turbulência. Por 8 segundos penso no quão chato seria morrer sem você por perto. Porque sou dessas meninas egoístas, quero te levar junto comigo, que seja para o céu ou para o inferno. Tanto faz. Daqui do alto, mal dá para distinguir o que é um ou outro. Que mania a gente tem de querer definir as coisas.



*Trecho do livro "Sylvia não sabe dançar", Cristiane Lisboa - Novo Tempo.

E você me olha...

"Não. Não olha assim. Você sabe que com este olhar eu desisto das coisas. Eu não posso desistir. Não desta vez. As malas estão prontas, sua comida está no prato. Paguei as contas, limpei a casa e agora preciso ir. Porque a vida faz dessas com a gente. Leva onde menos se espera no momento mais inoportuno. Mas preciso ir. E saiba que te amo e que não te esquecerei. E que ninguém ocupará seu lugar em meu coração. E que se considerei colocar mais alguém nessa relação, foi pensando em ti. Amo-te tanto que as vezes te sufoco, te cobro mais do que é aceitável. Pensei em outro alguém para diluir esse amor incondicional e te deixar respirar. Mas agora preciso ir."

Conversa com a Lila.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012



Sonhei esta noite que estava num lugar quente. Acordei num quarto diferente do que estou habituada e, ao invés de dar de cara com a minha cachorra, um gato estava deitado no meu peito. Uma gata, na realidade. Pretinha de olhos esverdeados. Vai entender. Nunca fui muito fã de gatos, mas, naquele instante, eu a amava mais do que tudo no mundo. E ela se aconchegou no meu pescoço, como se retribuísse todo o meu amor. Coisa linda.

Levanto, vou até a cozinha. Parece que a casa é minha. Pego um copo, encho de água e despejo na vasilha da Mimi. É o nome dela. 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Despedida

Vem e me abraça. Não fala nada que eu amo teu silencio. Desarma todos os seus medos, suas preocupações, seu cansaço. Descarrega tuas aflições e me beija o pescoço. Me olha nos olhos e diz que me ama que eu fico. Ou que me ama muito e vai comigo. Te faço promessas que não posso cumprir mas juro que eu tento, só para te ter por perto. Beija minha boca, me empurra contra a parede e diz que não vive sem mim. E que sabe que não vivo sem você. E que a gente foi feito um pro outro. E que lembramos um do outro quando ouvimos alguma música. E que teremos filhos lindos e cachorros correndo pelo quintal. Que tomaremos chá num dia de ressaca. Que andaremos por aqueles campos verdes, debaixo do céu azul. Me olha com aquele olhar de que tudo vai dar certo. E que vamos ser felizes como nos contos infantis. Ou se acovarda no seu comodismo e desperdiça tua chance de ser feliz.