Parte III
Ainda não conhecia ninguém da vizinhança até aquele momento em que encontrou Otávio. Ele falou bastante durante aquelas duas quadras e quando chegaram ao portão de Olívia, ela o convidou: “Aceita uma xícara de chá?”. Não esperava que ele aceitasse, mesmo porque, ela se achou pouco receptiva durante o trajeto, mas não era por mal, sentia-se cansada demais para acompanhá-lo na conversa. “Aceito se eu puder fazer um café”. Olívia não estava acostumada com intromissões, mesmo porque, há muito tempo ela vinha construindo aquele muro imaginário que a separava das pessoas.
Ficou sem reação e sentiu enrubescer-se. E entraram. Nunca foi boa anfitriã, mas decorava a casa da forma mais acolhedora e aconchegante possível para não precisar se preocupar muito com isso. Otávio foi até a cozinha e começou a preparar o café. Olívia não é de falar muito, acredita no ditado que deus deu uma boca e dois ouvidos para que falássemos menos e ouvíssemos mais. No mais, Olívia não tinha muito a dizer e quando dizia, o fazia muito baixo e devagar, como se precisasse de um grande esforço para falar meia dúzia de palavras. Mas se encantava com quem falava bastante, assim não se sentia forçada a puxar assunto nem continuar uma conversa sem graça. Otávio continua falando. Fala que é dono de uma cafeteria, que ele faz o melhor café que já tomou, que ela deveria experimentar, que não imaginava o mundo sem café. Se pergunta como alguém pode não gostar de café. Olivia responde lentamente: “Não falei que não gosto, falei que prefiro chá. Não sei fazer um bom café”. Os olhos de Otávio brilham enquanto ele diz: “Então faço questão de que você experimente o meu café. Garanto que você não viverá mais sem ele”. Ela esboça um quase sorriso.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Olívia não brilha - Capítulo III
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Um comentário:
eu sei do que a olivia precisa...
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