quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dor. Pain. Douleur. Dolor. Schmerz.
Uma palavra que dá nome a um sentimento impossível de caber nela própria.
Impossível de dar um significado.
Impossível de ver beleza.
Nu. Cru. Seco. Frio. Escuro. Solidão.

Poesia de rodapé

Achei nos meus arquivos e resolvi postar.


Queria pular no poço,
mas não posso.
Só te peço
que ela possa
pular na poça
e fazer a peça
sem que impeças.
E não tropeça
neste espesso
e longo espaço.
Ignore o impasse
e siga o compasso.

Queima o estômago. Acabo de chegar e toda água que bebi para acalmar essa ardência, não valeu de nada. Com a visão distorcida, fico cego de ódio. Odeio esse lugar, as pessoas, os assuntos que eles regurgitam orgulhosos, suas manias forçadas, o cheiro, a luz e a música alta. Tudo está fora do lugar, inclusive eu. Preso no inferno. Deus parece calhar nessa situação, então, rezo incontrolavelmente para que todos explodam. Noite sem fim. Ressaca de colera.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quando o último fecha a porta, choro inconsolada. Não há nada além de tristeza pura, que dói na alma, no corpo e nos pensamentos. Com o lençol sobre o rosto, conto as estrelas estampadas e penso no quanto eu gostaria de estar longe daqui, desse mundo.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Não é todo dia que a gente pode ouvir um escritor (de poesias e outras coisitas) que a gente gosta, falar de onde surgiu uma de suas obras. Como tive o prazer de ouvir o Caio contando sobre esta, resolvi postar aqui para vocês se deleitarem.

mudança de pele

sonho que sou uma cobra
dentro de outra cobra que
se devora

que se adapta em cada
lugar que passa
deixando pra trás somente
a carcaça do que fica

dançando, rindo, falando coisas
aos amigos
desperto alumbrado
pensando nisso

que ser cobra é o que
realmente importa

acordar para o futuro
com o sonho de agora



caio carmacho



Quer mais? Visite o blog dele.

É noite e todas as luzes estão apagadas. No meu travesseiro, ela sonha e se revira e murmura alguma coisa que não entendo. Acaricio-lhe as têmporas e, lentamente, ela se acalma. Enquanto eu, insone, imagino como será o dia amanhã, e depois e depois. E como estarei trajada para ocasiões insignificantes. Penso tudo porque acabou os cigarros, a água leve e a liberdade de transitar de um lado para o outro, enquanto olho no espelho e treino expressões, maquiagens, penteados. Meus cabelos estão naquele comprimento onde não há nada para fazer, além de prendê-los. Queria tranças ou queria tão curtos que mal pudessem se conter num rabo-de-cavalo. Essas coisas bobas que só a madrugada nos dá ao luxo de pensar e que escorre entre os dedos das mãos e dos pés. Lembro da tia Carminha falando de números que não dão certo e só agora percebi quanta sabedoria havia ali. E no popular, de que é demasiado. E no meu avô, que nunca se estende quando visita para deixar o gostinho de "quero mais". E que se não há nada importante para dizer, então não diga nada. Acabo por aqui.